Dedo de prosa: entrevista com Douglas Neves
Uma visão real e íntima sobre a maior mina de turmalina do mundo
O livro recém-lançado “Mina do Cruzeiro: no coração da terra”, da NITRO Editorial, narra a história da principal mina de turmalina do mundo – reconhecida não só pela raridade e exuberância de suas pedras, mas pelos métodos sustentáveis que guiam a sua extração. Para falar mais sobre os bastidores dessa história, convidamos o CEO da Mina do Cruzeiro, Douglas Neves, para este bate-papo.
O livro “Mina do Cruzeiro: no coração da terra” narra uma história que remonta à década de 1940 (início das operações), à saga da família Neves, gestora do grupo desde 1980. Qual a importância de contar essa história – das raízes familiares ao reconhecimento internacional – pensando do ponto de vista da preservação da memória e inspiração para as futuras gerações?
A história da Mina do Cruzeiro é uma saga que se entrelaça com a história da mineração em Minas Gerais e no Brasil. Começamos como uma mina de mica em 1940, mas a verdadeira virada veio com a chegada da minha família em 1982. O livro “Mina do Cruzeiro: no coração da terra” é um registro de fatos e, principalmente, um testamento de resiliência e paixão. Após o trágico acidente que levou meu pai e meu tio em 1992, o legado deles poderia ter se perdido. Mas a dor se transformou em força, e o livro narra essa jornada de superação, mostrando como a família Neves não só manteve a operação, mas a modernizou, investindo em tecnologia e conhecimento para o futuro. Contar essa história é uma forma de preservar a memória e, acima de tudo, uma maneira de inspirar. É mostrar às futuras gerações que, com valores sólidos e um compromisso com a excelência, é possível construir um negócio de sucesso que respeita suas raízes e o meio ambiente.

Detalhe do livro “Mina do Cruzeiro: no coração da terra”
Em relação ao processo de criação do livro, conte como foi a parceria com a Nitro Editorial e, em especial, qual foi o papel da fotografia para ajudar a contar essa história?
O processo de criação do livro foi uma verdadeira colaboração, e a parceria com a Nitro foi fundamental. O material que temos sobre o processo mostra que a capa e os detalhes técnicos, como ficha e sumário, foram sendo construídos junto com a evolução do conteúdo. A fotografia teve um papel central nessa narrativa. Artigos sobre a mina, por exemplo, mostram como as imagens de dentro da mina, feitas pelo fotógrafo Leo Drummond, são usadas para ilustrar a autenticidade e a beleza das nossas operações. As fotos permitem ao leitor ter uma visão real e íntima do nosso trabalho, da extração à produção final, validando nossas práticas e os valores da nossa família. A imagem de um baú, por exemplo, é uma opção para a capa do livro, o que já diz muito sobre a valorização da história e da riqueza que a mina representa.
A extração ética é um diferencial da Mina do Cruzeiro – tema que ganha destaque no livro, já que suas operações sustentáveis e o pioneirismo na rastreabilidade são reconhecidos mundialmente. De que maneira esses exemplos podem inspirar ações mais sustentáveis ao setor de pedras preciosas? E como o livro pode ampliar a difusão desse modelo sustentável e, de certo modo, contribuir com a imagem do setor, dentro e fora do Brasil?
Nós nos esforçamos para ter um dos menores percentuais de rejeitos do mundo e usamos métodos que minimizam o impacto ambiental. Nosso modelo ‘mine-to-market’ é um dos grandes focos de inovação, permitindo que a Mina do Cruzeiro, a partir das pedras brutas que extraímos, as lapide e as transforme em joias junto com nossos parceiros, ao redor do mundo. O livro, ao documentar nossas práticas, serve como um modelo para o setor de pedras preciosas, que muitas vezes é visto como opaco. Ao mostrar nosso compromisso com a rastreabilidade, demonstramos que é possível aliar o sucesso comercial à responsabilidade social e ambiental. O livro, portanto, contribui para melhorar a imagem do setor, dentro e fora do Brasil, ao provar que a mineração ética é a única forma de garantir um futuro sustentável para a nossa indústria.